sexta-feira, 22 de abril de 2011

Adeus, Farofa.

"Uma versão catastrófica de uma viagem, aliás, uma farofada transformou 'Zé' em um sem-praia assumido. Morador em São Paulo, 'Zé' foi passar o Natal na casa de sua sogra no interior. Tomou umas a mais, ficou empolgado com a confraternização que reuniu dezenas de pessoas da família e teve a infeliz idéia de sugerir um passeio de ônibus, com toda a família para o litoral, onde, na época, os turistas de um dia eram até bem vistos.
No domingo marcado, estava chovendo. Mesmo assim não dava para voltar atrás. A viagem durou várias horas. Como o filho 'Zézinho' estava com uma indisposição estomacal, 'Zé' ficou o tempo todo de pé para o garotinho ficar mais à vontade na poltrona. Pouco antes das 6h, o ônibus deixou o grupo na areia da praia. 'Fazia frio e estávamos com toda a bagagem nas mãos. Meu filho chorava, minha mulher reclamava e comecei a beber', recorda 'Zé'.
O tempo não melhorou. A saída do farofeiro para ter algum conforto foi alugar duas cabines de banho por um preço extorsivo. Garoava, quando ele apartou uma briga entre dois primos da esposa. O almoço foram alguns sanduíches de pão de forma. O mar estava agitado quando 'Zé' conseguiu cochilar na areia molhada.
'Era quase tardezinha quando comecei a rezar para que tudo acabasse logo', relembra 'Zé'. Depois de algum esforço, os 40 passageiros foram reunidos e, visivelmente mal humorados, seguiram de volta para a Capital.
Trânsito ruim, estômagos roncando, pausa para um pequeno lanche em posto na estrada. Na volta ao ônibus, a constatação terrível : estava faltando um .
Embrenhadas no mato, equipes de farofeiros procuravam um rapaz embriagado, noivo de uma cunhada do 'Zé'. Depois de quase uma hora de busca inútil, uma assembléia de gente irada, em decisão quase unânime e onde não faltaram acusações, queixas e pequenas maldades, votou pela viagem de regresso, com uma pequena parada no posto rodoviário para avisar os policiais do ocorrido. No próprio posto, alguns quilômetros à frente, estava o rapaz perdido. Ele levou alguns safanões de parentes próximos, mas, devidamente escoltado, subiu no ônibus. 'Passava da meia-noite quando cheguei em casa. Estava em frangalhos, nervos à flor da pele. Nem trabalhei no dia seguinte', recorda 'Zé'.
Hoje, ele não quer nem ouvir falar em 'farofa' na praia. 'Zé' é uma perda sentida no mundo da 'farofa e do cuscuz', que vê como saída ideal para os que têm situação parecida com a sua , juntar dinheiro, pegar um avião, e exercer os seus direitos em outro lugar."

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